Sobre o conceito de fim
Pelo fim, poderemos
pensar na morte.
A minha morte. A morte
de cada um de nós.
Em termos abstractos e
se não for crente, pensarei nela como o fim. Independentemente do que possamos
preferir ou de sermos jovens ou velhos, saudáveis ou doentes, fracos ou fortes.
É sem dúvida mais apelativa a ideia da alma imortal, mesmo com a expiação dos
pecados num inferno ou purgatório, ou as reencarnações castigadoras e
educadoras, de insecto a ente superior.
Se considerarmos que ninguém
parece ter até à data regressado, pelo menos, depois de bem morto e enterrado,
para lá de uma reanimação, num verdadeiro ressuscitar cientificamente
comprovado, e porque as injustiças que nos cercam, reforçam a conclusão da
ausência de sentido, a morte-fim parece espreitar-nos a cada instante.
Será também a minha
morte o fim do mundo, porque não mais o percepcionarei e não existirei sequer
para poder pensar se o mundo continua.
Mas posso antes pensar
no fim como objectivo ou propósito de vida. Todavia, também aqui poderá ser
apenas quando termina a vida que se avalia o que se conseguiu, e ainda, se foi
certo ou errado o que definimos, as opções que tomámos, o que preterimos e o
que alcançámos.
E o final de uma etapa,
de uma paixão, de uma relação, será apenas definitivo quando afastada qualquer
possibilidade de retorno, quando confrontados com o fim da vida.
A terminar este texto,
quero optar por negar o fim, permanecendo ao invés e sempre a mudança, ver cada
um de nós como partículas que se ligam e se separam, se transformam e
continuam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário