domingo, 24 de julho de 2016

iii - 4/10 Fica

Fica, ela disse-lhe baixinho. Estavam os dois despidos e meio abraçados na noite da sua aventura.
Poucos minutos antes tinha-a seguido até ao quarto dela no hotel, o espelho do seu, com um quadro diferente na parede oposta à cama.
Depois de se terem conhecido no bar, tinham conversado, enquanto tomavam uma bebida, e ela convidara-o para ver os postais do teatro onde tinha estado.
Quando entraram, foi buscá-los. Ele olhou-os com pouca atenção, hesitante sobre se estaria ali só por isso.
Então, ela desapertou o vestido e deixou-o escorregar pelas longas pernas com as meias pretas. Abraçou-a e beijaram-se. Demorou mais tempo a libertar-se da sua roupa e caíram os dois sobre a cama. Tudo nela o excitava, o perfume e sabor da sua pele, ela corresponder-lhe na vontade e no prazer.
Queria ficar e ficou.
Adormeceu abraçado ao calor dela, a ouvir a sua respiração.
Despertou-o a luz da madrugada a marcar o travesseiro pela fresta da persiana mal fechada. Rapidamente lembrou-se de onde estava e do avião que tinha de apanhar às sete. No seu quarto teria tocado o despertador que não ouviu. Vestiu-se a correr. Ela acordou com o movimento e olhou-o meio ensonada. Continuava linda. Disse-lhe que tinha de ir já para o aeroporto mas guardou um minuto para se debruçar sobre ela e beijá-la
“Vais ligar-me?” Ela perguntou. Prometeu-lhe que sim e saiu.
No quarto recolheu as suas coisas e ligou para a recepção para lhe chamarem um táxi.
Estava já no avião quando se apercebeu que não tinha o telefone dela, não se lembrava do número do seu quarto e não sabia o seu nome.
Queria cumprir a promessa e que ela fosse muito mais que uma aventura, mas não sabia como.

Consolou-o só um pouco pensar que ao menos, a memória fica.

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