O
destino, isso a que damos o dono de destino, como todas as coisas deste mundo,
não conhece a linha recta.
Uma
mulher entra num bar.
Vai
lá apenas para tomar uma bebida no final do dia na capital. Jantou com uma
amiga e foram ao teatro. Tiveram de se despedir cedo porque a amiga tinha a
filha com um drama de adolescente à espera. Sem filhos, invejou-lhe sem
maldade, ser assim precisa. Não quis ir logo para o quarto. Sentou-se ao
balcão.
Foi
então que ele veio falar consigo. Estava bem vestido, mas parecia cansado e
havia uma fragilidade nos seus olhos que a levaram a responder-lhe. Foi fácil
conversarem. Parecia que se conheciam desde sempre. Mais do que um cliché
induzido pela bebida e solidão, acreditou que tal se devia às afinidades que
descobriam um no outro, o mesmo sentido de humor, a mesma visão da vida. Tomou
a iniciativa de o convidar para o seu quarto e sem a expectativa de que fosse
mais do que uma noite. Também na intimidade encontrou nele afinidades.
Adormeceram abraçados.
No
dia seguinte, ele despertou de madrugada e saiu a correr. Ela teve tempo para
pensar que nem sabiam o nome um do outro e tinha pena, mas não se voltariam a
ver.
Apesar
disso, nos meses seguintes quando vinha à cidade, ficava no mesmo hotel.
Não
voltou a encontrá-lo.
Até
que um belo dia, em que tinha o cabelo por lavar, mas felizmente estava com o
seu vestido amarelo da sorte que lhe ficava muito bem, ouviu alguém correr
atrás de si, na rua, com um "ei, pára” que lhe era dirigido”.
Virou-se
e era ele, vermelho e afogueado pela corrida.
“Eu,
João, tu?” Perguntou-lhe, mal recuperou o folego, imitando o Tarzan.
“Ana”.
Respondeu-lhe e sorriram um para o outro.
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