Um
homem entra num bar.
É
o bar do hotel onde vai pernoitar. Chegou de manhã para uma reunião que correu
bem. A empresa para que trabalha aliciou novos clientes e esteve a ultimar os
termos dos acordos. Tem voo reservado para a manhã seguinte. Chegou aos quarenta
e dois anos, sobreviveu a dois divórcios e não tem filhos. Lembra-se que foi já
há meses que terminou a última relação. Pensa que nunca viveu uma aventura como
aquelas sobre as quais ouviu histórias de colegas
O
hotel de quatro estrelas é impessoal. O bar, é escuro, com uma decoração antiga
em tons vermelhos e pretos, com luzes fracas, sombras e recantos. Há música
ambiente. Numa canção lenta um apaixonado queixa-se da ferida que o beijo
negado lhe causou. Clama não ter medo em lançar-se em novo voo pelo amor. Ao
balcão está uma mulher. Olha-a com atenção. É loura, elegante, talvez da sua
idade. A racha no seu vestido preto permite uma visão das pernas em meias
pretas de seda. Não está acompanhada, nem parece estar à espera de ninguém.
Dirige-se a ela e pergunta-lhe: “posso oferecer-lhe uma bebida?”. O olhar dos
dois dirige-se para o balcão onde à sua frente se encontra o copo ainda cheio
da bebida que ela ainda não bebeu. “Outra?” Ela responde-lhe com um sorriso
breve e ele sorri-lhe também, sentando-se no banco ao seu lado.
Começam
a conversar enquanto bebem. Ela também está alojada no hotel. Veio assistir a
uma peça e no dia seguinte irá apanhar o comboio para outra cidade. Ri-se das
piadas que ele lhe conta. Bebem os dois mais uma bebida. Ela sugere mostrar-lhe
os postais que arranjou do Teatro. Ele adere de imediato à ideia e acompanha-a
até ao quarto.
Pensa
que também irá ter uma história para contar.
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