domingo, 24 de julho de 2016

7/8 - Maria

Maria

“…um dia mandou um amor embora – disse-lhe que saísse janela fora - um dia mandou embora um amor mau - no outro dia - pensou se o amor teria mesmo que ser "bom" - um dia mandou um amor- mau - embora e enrolou os polegares - desenrolou e voltou a enrolar - nem os polegares lhe chegavam para avaliar a quantidade de - mau- amor - que simplesmente mandou pela meia janela que deixou aberta…”
Mandou embora um amor mau, o do ex-marido que a enganara e lhe mentira
Duvidou se o amor poderia ser bom, ao sentir-se tão traída, julgou que todos os homens seriam iguais.
Pensou que nunca mais queria amar outro, sentir amor por um homem.
Mas, pela meia janela que deixou aberta, entrou um amor bom
Viu-o na atenção e cuidado que o Luís tinha com o filho, em como não deixou que a decepção pelo abandono da mulher o amargurasse.
Viu-o no respeito e amizade que manteve com ela quando passou a ex-mulher, deu-lhe a liberdade que ela exigia, preocupou-se em que mantivesse alguma ligação com o filho,
Viu-o na forma como ele a todos tratava, na sua delicadeza e dedicação
Homens e mulheres andam muitas vezes iludidos em desencontros perdidos.
Ela com os pés bem assentes no chão, soube ver como ele realmente era, alma gémea, na calma, na verdade, no coração,
Mas ai, não sabia se ele a via, se o cativava, o que sentia.
Feliz apenas por o ver, por ouvir a sua voz, partilhar o mesmo espaço, para duvidar depois na sua ausência, e querer apagar a frágil esperança, - não te iludas Maria, ele não é para ti.



Nenhum comentário: